top of page

Candidíase recorrente e intestino: uma ligação maior do que você imagina

Se você já teve candidíase sabe que não é nada confortável, né!? A doença consiste em uma infecção causada por um fungo do gênero Candida albicans que coloniza a mucosa vaginal e, quando a microbiota da região está em desequilíbrio, aproveita a oportunidade para se multiplicar e infectar o local causando todos os sintomas característicos: ardor, prurido, corrimento branco e espesso e perda da libido. A ocorrência da infecção por cândida é comum e estima-se que 75% das mulheres terão, pelo menos, uma vez na vida, 40 a 50% delas terão novos surtos e 5% das mulheres terão candidíase recorrente (no mínimo 4 vezes ao ano). Ou seja, é bem difícil escapar de pelo menos um episódio de acordo com as estatísticas!


O fato é que falamos bastante da microbiota intestinal, mas nos esquecemos de mencionar que existe microbiota em outras partes do nosso organismo, como a pele e genitálias, por exemplo, e o desequilíbrio da quantidade e espécies desses microrganismos causa patologias locais ou sistêmicas, assim como acontece no desequilíbrio do intestino, que reflete na inflamação do organismo, doenças autoimunes, depressão, ansiedade, enfim... sabemos que a disbiose intestinal faz uma bagunça danada. Se pensarmos que nosso organismo é inteiramente conectado já conseguimos imaginar que, obviamente, os microbiomas se inter-relacionam também, certo? Isso quer dizer que as espécies de bactérias que habitam nosso intestino são semelhantes àquelas presentes na região vaginal e se a microbiota intestinal for sadia, há grandes chances que as mesmas espécies que desenvolvem seu papel protetor e mantêm o equilíbrio no intestino, o façam também na vagina, impedindo a colonização de fungos oportunistas como a Candida albicans.


Se entendemos que a qualidade do microbioma, bem como a saúde intestinal têm relação direta com a ocorrência e desenvolvimento da candidíase, fica evidente que o que comemos pode afetar de maneira positiva ou negativa a frequência e o desenvolvimento da doença e propiciará o crescimento de bactérias de boa ou má qualidade em todos os microbiomas de nosso organismo. É sabido que o consumo de fibras solúveis e insolúveis (como as presentes em alimentos integrais, frutas, verduras e legumes), antioxidantes (também presentes em frutas, verduras, legumes, ervas e especiarias (orégano, louro, chá, menta, etc), chás) e a prática regular de exercícios físicos contribui para uma microbiota saudável e que a ingestão de açúcares, álcool e alimentos ultraprocessados favorece o surgimento de microrganismos patogênicos (que causam doenças).


Deixando de falar de forma geral e voltando para o tema específico da candidíase, é preciso ressaltar um alimento: o açúcar! Ele tem bastante relação com a ocorrência da doença porque seu consumo excesso a aumenta a glicemia e, consequentemente a disponibilidade de glicose também na região da vagina, o que favorece o crescimento de fungos e leveduras. Em um ambiente saudável os Lactobacillus presentes liberam ácido láctico, que auxilia a manutenção de um pH vaginal mais ácido e evita a contaminação por outras espécies. Mas uma vez que o microbioma está alterado o pH também se altera e a defesa vai abaixo, deixando o ambiente mais propicio à infecções.


Portanto, mesmo que seu intestino funcione lindamente e que não haja nenhuma questão grave por aí, saiba que ele está relacionado a muito mais do que você imagina! Cuidar da sua alimentação reflete no equilíbrio de todo o organismo!

Ah, e antes de finalizar gostaria de ressaltar que sim, alterar o perfil alimentar, aumentar o consumo de fibras, reduzir doces e ultraprocessados e utilizar probióticos (seja prescrito pelo seu nutri ou médico ou de fontes naturais como kombucha, kefir, chucrute, iogurte) tem um papel muito interessantes na redução da frequência com que você desenvolve a candidíase, mas não substitui o tratamento medicamentoso! Mude seus hábitos, mas caso a contaminação aconteça, faça o tratamento indicado pelo seu médico!


Vamos seguir comendo bem e sendo prudentes!


Beijos, se cuida e até!


Referências bibliográfica

PUJOL, Ana Paula; Apostila do curso Nutrição da mulher. Instituto Ana Paula Pujo, 2020

PUJOL, Ana Paula; Caso clínico - candidíase - Curso Nutrição da mulher. Instituto Ana Paula Pujo, 2020

PALUDO, Rafaela Mulinari; MARIN, Débora. RELAÇÃO ENTRE CANDIDÍASE DE REPETIÇÃO, DISBIOSE INTESTINAL E SUPLEMENTAÇÃO COM PROBIÓTICOS: uma revisão. Revista Destaques Acadêmicos, v. 10, n. 3, p. 46-57, 6 nov. 2018. Editora Univates

SILVA, Laís de Mauro; BARROS, Vallesca Perufo Guasso de; REZENDE, Pollyanna Ayub Ferreira de. A RELAÇÃO ENTRE A ALIMENTAÇÃO DA MULHER CONTEMPORÂNEA E A OCORRÊNCIA DE CANDIDÍASE: uma revisão da literatura. 2020. 22 f. TCC (Graduação) - Curso de Nutrição, Centro Universitário de Brasília – Uniceub, Brasília, 2020.

12 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page